segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

MAIS UMA RECEITA DE ANO NOVO


Para que seu Ano Novo seja realmente novo, lindo como o arco-íris, ou entusiasmante como o calor do sol. Para que você comece o seu novo ano, não apenas remendado e chamado de “novo”, mas novo na esperança, no sorriso de uma criança que nasce, e explosivo como a lágrima da mãe que o abraça. Para você, que sabe receber novos abraços, ou mesmo os velhos, que são tão bons quanto os novos. Enfim, para você que ama a vida, esse elemento tão simples que se resume em apenas quatro letras, que de tão perfeita nem se nota, não é preciso lembrar-se das marcas causadas pelas dores passadas, nem recordar-se de momentos vazios, e arrepender-se de não tê-los preenchido. Não é necessário correr atrás do amanhã, e determinar-se: - Quando o janeiro chegar as coisas vão mudar! Não, não é nada disso...
Para ter-se um ano-novo, que realmente mereça este nome, basta que você o queira assim, e batalhe por mudanças, por aquilo que você quer, mas tente, experimente, invente. Cresça por pensar que não podia, e pode! Olhe-se e sinta aquela mudança interior, aquele friozinho na barriga, e permita-se aceitar. Quando isso tudo acontecer, lembre-se de mim, e simplesmente sinta meu beijo e um abraço bem apertado.
Feliz Natal e Próspero Ano Novo,
Artur.
Inspirado em "Receita de Ano Novo" de Carlos Drummond de Andrade.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

NEM TUDO QUE É LUXO É LIXO


Nunca entendi direito como é que as pessoas avaliam as coisas e colocam nelas uma medida de valor extremamente alta, uma apreciação econômica que, por vezes, chega a atingir preços inimagináveis. Não tenho dúvida de que ligado a isso está uma induvidosa campanha de marketing promovida pela mídia, e por aí vai. Em realidade, o valor intrínseco das coisas não é medido somente pela qualidade, senão não teríamos tanta porcaria sendo vendida em escala diametralmente oposta ao que realmente valem.
Não me interprete mal, porque aqui não estou me referindo a sociedades capitalistas, a mercados financeiros, tampouco falo sobre questões sociológicas, do tipo “tanta gente morrendo de fome e as pessoas gastando rios de dinheiro com isso ou com aquilo”. Não. Refiro-me a coisas que em outra época ou lugar, de fato, não teriam o menor valor; falo, por exemplo, de roupas de grife ou qualquer outro produto que venha a ser comercializado com um valor extremamente alto se comparado com outras coisas da mesma espécie, às vezes até que possuem a mesma qualidade.
A própria cultura, uma representação teleológica da arte, que é uma abstração, também é valorizada pelo fato de ter um valor econômico, ou seja, se vale mais, mais vale ser apreciada, mesmo que tenhamos a consciência de que nem tudo que seja caro é realmente o melhor. E é exatamente sobre esse produto de consumo, por que é isso que o mercado da arte representa para muitos, que vou tecer alguns comentários.
Resolvi falar sobre isso porque recebi um vídeo de uma experiência realizada pelo jornal “The Washington Post” num metrô de Nova York, em que um homem de camiseta e boné começa a tocar um violino para as pessoas que passam, durante aproximadamente 45 minutos, e praticamente ninguém imagina o que está acontecendo, quase ninguém para e aprecia o verdadeiro presente que estão recebendo, ou seja, não percebem o valor do que estão ouvindo, a exceção de uma mulher que, ao final, inclusive reconhece o artista.
É possível que nem todos admirem a arte, em qualquer de suas acepções, apesar de eu ainda não entender como, porque a cultura mede algumas questões primordiais em relação a um país, como a educação. Há até aqueles que nem gostem muito de arte, seja sob a forma que vier. Na verdade, como tudo na vida, há sempre aqueles que são contra, simplesmente. Mas é indiscutível que a arte tem o seu preço. O que questiono é se percebemos isso naturalmente ou se somos guiados a apreciá-la por padrões que nos são impostos, uma valorização que talvez nem exista. Por exemplo, imagine uma obra de um pintor pouco conhecido, mas que acabe sendo confundida como um quadro de Michelângelo, e avaliada em alguns de milhões de dólares. Indubitavelmente, chamaria a atenção dos meios de comunicação, e que, por conseqüência, a ela seria atribuído um valor realmente expressivo, acarretando um interesse acima da média, inclusive daqueles menos adeptos à arte renascentista.
Pois bem. Aquele homem no metrô era nada mais, nada menos, do que Joshua Bell, e para quem não o conhece, é considerado um dos maiores violinistas do mundo, e basta acessar qualquer vídeo dele no YouTube para se ter certeza disso. No metrô, ele estava tocando um instrumento raríssimo, um “Stradivarius” de 1713, avaliado em aproximadamente 03 (três) milhões de dólares, e em seu repertório, alguns dos maiores clássicos da humanidade. Dias antes havia tocado no Symphony Hall, de Boston, em que alguns dos melhores lugares chegavam a custar mil dólares. Concluiu-se, por óbvio, que as coisas somente são valorizadas dentro de um contexto.
De minha parte, acredito que se deve entender isso da seguinte forma. Ao lado deste contexto, ou mais precisamente antes dele, há uma questão conceitual, uma valorização pactuada, e que, ao final, acaba sempre sendo traduzida em números. Digo isso porque, não obstante a qualidade da arte desempenhada por Joshua – o que me parece indiscutível –, o seu valor acaba sempre sendo refletido através da ótica daqueles que vão lucrar com isso, e por isso é inegável o esforço para agregar uma contextualização perfeita, uma sintonia o mais adequada possível para que o artista venha a ser reconhecido como o melhor, e para que se possa cobrar caro por isso.
Dessa forma, cabe a mim tirar uma única conclusão: aquele artista, supostamente anônimo, poderia ser considerado uma pintura de renome sem moldura, um artefato de luxo sem grife, e é exatamente por isso que tudo aquilo que não tem uma etiqueta nos indicando o seu devido valor, ou por uma falta de apreciação valorativa pessoal, muitas vezes acaba indo parar na lixeira.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

À ALGUÉM QUE AINDA NÃO CONHEÇO

"Somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos."
William Shakespeare
Escrevo essa carta para você, que tem uma importância mais do que especial na minha vida, mas que ainda não conheço. Você que tem um significado abstrato, um desejo idealizado, porque ainda não convivemos, não criamos um vínculo, não começamos a escrever nossa história, e já sinto saudades dos momentos que não estamos juntos.
Os dias até podem ter a velocidade do tempo, mas um período sem ti é aquele que não passa, é lento, um vazio inominado, e aguardar quieto, calado, é quase um castigo. Tenho medo do tempo simplesmente passar e a gente acabar se perdendo, e nunca realmente se encontrar.
Sei que nossas escolhas indicam o significado que a vida terá no futuro, os motivos que levarão a tristeza pra bem longe, e os desejos que trarão nosso sorriso. Queria que esse meu sorriso fosse teu, que o teu olhar fosse meu, que tivéssemos estabelecido perspectivas de nosso destino, enfim, que fôssemos um só. Mas como posso estar certo de que seríamos felizes juntos se ainda não te conheço!? Pois é, tenho a convicção de que sim, e se porventura esquecer de dizer algum dia, aproveito e digo agora: é uma estranha sensação que chega a ser uma certeza!
Por instantes pensei ter te visto, sentido teu gosto e ficado paralisado com a vibração dos teus olhos. É que sonhei com detalhes sobre uma noite em que estávamos num deck qualquer, de onde víamos toda a cidade, um silêncio penetrante, constante, simplesmente nós, um homem e uma mulher. Tenho certeza de que éramos nós, pois os sonhos aproximavam-se da realidade, e depois de acordar não lembrava, pois como podia querer amar sem parar, quando tudo sempre mudava.
Quero que saibas que o caminho entre eu e você é uma linha tênue entre ser ou não ser. Quero que tenhas a consciência de que o amanhã é logo ali, e eu estarei lá te esperando. Quero que os teus dias até me encontrar sejam muito felizes, porque eu vou estar radiante por ter a certeza de que você vai chegar. Enfim, à você que pensa ainda não fazer parte da minha vida, saiba que já faz...

domingo, 6 de dezembro de 2009

POR QUE CHAMAM DE EVOLUÇÃO?

Não é possível como as coisas ainda acontecem assim após anos de "evolução".
Se parássemos pra pensar, ninguém conseguiria parar de chorar.
Só posso pedir pra não deixarem de ver o vídeo abaixo.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

UM VELHO RIVAL


Eram irmãos, mas já implicavam um com o outro desde criança, competindo por qualquer coisa. Ernesto e Geraldo, na verdade, valorizavam essa rivalidade, e diziam até que isso servia de incentivo para serem os melhores. Geraldo, por ter nascido antes, sempre ouvira dos pais a obrigação de cuidar do caçula, mas também sempre se aproveitava disso para impor ao irmão que o respeitasse, afinal de contas era o mais velho. Brigavam por qualquer coisa, desde um brinquedo que um havia ganho de aniversário e o outro não, até por coisas mais delicadas, como na adolescência, quando começaram a disputa por namoradas.
Quando adultos, resolveram morar sozinhos. Ernesto, por gostar muito das paisagens de Porto Alegre, em especial a do pôr do sol do Rio Guaíba, fixou residência próximo à Zona Sul da cidade. O outro decidiu que iria morar bem longe do irmão, de preferência na Zona Norte, mas por se sentir responsável por ele, e por ter feito uma promessa aos seus pais de que iria cuidá-lo sempre, acabou comprando um quitinete na Azenha. E pensava: “nem tão longe para que eu possa ficar de olho, nem tão perto para que ele possa vir me visitar a qualquer hora”.
Por coincidência do destino, ou não, ambos começaram a trabalhar com publicidade, e cada qual havia montado a sua própria agência. Consideradas as melhores do Estado, a cada ano competiam entre eles, e com outras agências do país, no intuito de mostrar que possuíam um diferencial, as melhores idéias, os melhores profissionais do mercado. Mas a competição era tanta, que às vezes chegavam a ajudar outras empresas do ramo só para ter a satisfação de ver o irmão “quase” levar o prêmio.
Nesse ano, isso se repetiu. Desde o início, Ernesto era considerado o favorito, e isso era evidenciado a cada mês, quando apresentava os seus trabalhos com tamanha dedicação que sempre acabava atingindo excelentes resultados. Por consequência, era praticamente questão de tempo para que lhe entregassem o prêmio, e isso iria ser também uma vitória para seus clientes, que sempre acreditaram no trabalho de sua agência, e reconheciam nela uma empresa sólida e com anos de experiência no mercado.
Acontece que as coisas começaram a não dar tão certo, os funcionários foram ficando relapsos, e o próprio Ernesto já não andava tão atento ao trabalho, até que uma empresa carioca, que não representava nenhum risco, decidiu contratar dois profissionais de renome, e começou a apresentar resultados supreendentes.
Mas havia uma saída. A ajuda de Geraldo poderia ser fundamental para que o prêmio viesse parar nas mãos da empresa de Ernesto. Certamente isso não seria fácil, inclusive porque a empresa daquele, não obstante o sucesso do passado, estava passando por sérias dificuldades, sem olvidar da rivalidade que sempre imperou na relação de ambos.
Nesta perspectiva, todos se perguntavam: Geraldo estaria disposto a abrir mão dessa antiga animosidade, e pôr fim a um embate que já durava uma vida inteira?! A resposta viria num domingo ensolarado, quando Geraldo foi até o Rio de Janeiro apresentar um trabalho feito por seus funcionários. No caminho, durante o vôo, seus pensamentos retornaram ao passado, e lembrou-se de todos aqueles momentos em que dependeu da ajuda do irmão. Tinha consciência de suas limitações, mas sabia que com algum esforço tudo poderia mudar, e o prêmio ficar em família.
“Em família, que ridículo!”, pensou ele.
Finalmente decidiu-se. Não prejudicaria Ernesto, afinal de contas era seu irmão. E concluiu, pensando em voz alta, sentindo-se livre da promessa feita aos pais: “Ah, mas ele já é bem grandinho, e sabe se cuidar!”
Durante a reunião, o projeto foi apresentado a um grande cliente, que se impressionou com os detalhes e o esforço empreendido, mas não viu a possibilidade de grandes resultados, pois não era o que o mercado necessitava. Optando pelo projeto daquela grande empresa carioca, dispensou a de Geraldo, que retornou a Porto Alegre pouco satisfeito com a derrota, mas com um leve sorriso nos lábios.
No mesmo dia, o Flamengo venceu o Grêmio por 2 x 1, e sagrou-se Campeão do Brasileirão. O Internacional ficou com o vice-campeonato, e com uma lição: apesar do profissionalismo das equipes, sempre haverá espaço para o deboche.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UMA LEMBRANÇA DO PECADO



Sibele. Nunca vou me esquecer dela. 21 anos e um corpo perfeito. E a boca... que boca! Ela era do interior, acho que de Pelotas. Ou Rio Grande. Não lembro!!!
Aquela morena de pele bronzeada, olhos castanho-esverdeados, era noiva de um professor de educação física e lutador de boxe. Eu não o conhecia, só sabia que era negro. E grande, pelo que comentavam. Também nem queria conhecê-lo, até porque nunca gostei muito de boxe.
Não é que eu tivesse medo, mas na realidade eu tinha verdadeiro pavor em pensar na possibilidade daquele Evander Holyfield dos pampas descobrir o que eu pensava de sua noiva, afinal eles iriam casar depois de fevereiro, e aquilo não passaria de uma paixão platônica de verão; para mim, porque para ela eu seria, no máximo, uma aventura que não aconteceu, uma amizade que mal começou, um pedaço da memória que se apagaria com o tempo em seu álbum de lembranças.
E tudo aconteceu assim:
- Oi, desce!
- Quem fala?, perguntei ao interfone.
- Sou eu, a Si. Desce rápido!!!
- Hummm... já vou.
Meio nervoso, olhei-me no espelho e não gostei muito do que vi. Barba mal-feita, calça de moletom cinza um pouco larga e uma camiseta branca, uma roupa daquele tipo “bem confortável”, que a gente escolhe para dormir, para usar só em casa, ou no máximo para pegar o jornal no corredor. Ou seja, não queria que ela me visse assim, mas senti pela voz que estava com pressa. E que pretensão a minha, afinal de contas ela estava noiva, eu tinha sido apresentado àquele espetáculo de mulher havia dois dias, e tinha a nítida impressão que ela não sabia nem meu nome.
Quando cheguei na frente do prédio, ela estava com a porta do carro aberta, um pé no chão e outro sob a soleira. Usava um short jeans e uma blusa branca, deixando à mostra aquela barriga perfeita que mais parecia uma moldura dourada para o umbigo. Tive que fazer uma força sobre-humana para não ficar olhando estático para o piercing que pendia sobre ele, até que ela me perguntou o que eu iria fazer à noite. Olhei para o relógio e vi que já eram quase 19 horas.
- Por quê?, perguntei.
- Olha, Max...
E o sorriso aflorou em meu rosto. Ela definitivamente sabia o meu nome. E continou:
- Queria te convidar para o meu aniversário. E não vou mentir. Gostei do teu jeito, te achei um cara legal, mas sou noiva e amo meu noivo. Por isso, não vou fazer nenhuma loucura! Mas eu estou indo amanhã para casa, encontrar com ele, e talvez nunca mais te veja. E não consigo parar de pensar em ti, no teu cheiro, enfim, depois que o Cícero nos apresentou – Cícero era meu amigo e primo dela, e naquela hora eu só pensava: “Grande Cícero!!!” – eu fiquei meio confusa. Mas queria...
E não deixei ela terminar. Minha boca apertou tão forte a dela que depois de um tempo a beijando – como se fosse a língua mais macia que a minha já tinha encostado –, comecei a sufocar. Acho que ela também, porque me empurrou e entrou no carro. Até que vi que não era nada disso, que não tinha estragado nada, pois ela sussurrou:
- Tá louco!? E se alguém me vê? Entra...
Fomos de carro até um morro numa outra praia próxima, que estava deserta. A vista era fantástica naquele final do dia, e dava para ver as ondas batendo contra as pedras daquele desfiladeiro. Só que eu não conseguia parar de olhar para aquelas pernas, e ela me flagrou. Tentei me explicar:
- Desculpa, eu não queria...
E agora foi ela que me beijou, nossa respiração começou a ficar cada vez mais ofegante, e a pele dela foi ficando vermelha, já que minha barba ficava roçando em seu rosto.
Conversamos por alguns minutos, e anoiteceu. Foi quando, sem que eu percebesse, já estava abraçado nela, e recomeçamos os beijos. Depois de algum tempo, comecei a tocar em sua perna, os pelos louros e a sensação de que estava alisando um lençol de seda. Ela não me interrompeu, mas ao contrário, começou a passar as mãos em meus cabelos, fazendo com que eu sentisse um arrepio nas costas e uma vontade de que aquilo durasse para sempre. De uma hora para outra, estávamos sem roupa, e o calor dos nossos corpos embaçou os vidros. Ficamos suados, e os gemidos ecoavam dentro do automóvel. Os olhos dela estavam fechados, mas eu não conseguia fechar os meus. Precisava ver o que estava acontecendo, eu queria aproveitar cada cheiro, cada pedaço do seu corpo iluminado pela luz do luar, e senti-la parecia mais que instintivo, irracional, até que ouvimos passos do lado de fora aproximando-se do carro. Não conseguíamos enxergar quem era, pois já tinha anoitecido, e os vidros embaçados não permitiam a visão do que estava acontecendo do lado de fora, e ficamos imóveis.
O som dos passos vindo em nossa direção pararam, e de repente uma batida forte no vidro, e uma pergunta em forma de urro ecoou do lado de fora:
- Sibele, você está aí dentro?
- É ele..., disse ela, num sussurro apavorado em meu ouvido.
Era o monstro! Não conseguia raciocinar, mas a minha jugular parecia ter inchado e a pulsação começou a me impedir de respirar. O medo tomou conta de outros sentidos, pois tinha a impressão de não conseguir ouvir ou ver o que estava acontecendo. Aproveitei que estava do lado oposto àquele de que vinham as batidas, e pulei para fora do carro. Saí correndo, completamente nu, deixando minhas roupas para trás, ao lado dos gritos de Sibele.
Quanto mais eu corria, mais desconfortável eu me sentia, sem roupas, e constrangido pela possibilidade de encontrar pessoas pelo caminho enquanto eu estivesse correndo pelado, com um enorme negro no meu encalço. Mas essa era a minha menor preocupação, eu sabia.
A perseguição durou pouco, pois aquele professor de educação física tinha um fôlego privilegiado, e, arrastando-me pelos cabelos, aproximou-me do penhasco, onde podia ver a espuma das ondas refletida no mar, e gritou:
- Sabe nadar, mané!!! E voar?, e jogou-me lá de cima.
Quando vi, estava estatelado no chão. Havia acordado num susto e caído da rede. Não acreditava que tudo não havia passado de um sonho. E lembrei que daqui a algumas horas seria a festa de aniversário dela e eu não havia sido convidado. Bem, mas ao menos eu estava vivo e vestido, usando uma blusa branca e uma calça de moleton cinza, minha roupa mais confortável.
E o interfone tocou...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A SOLIDÃO INVISÍVEL




Ontem revi um filme em DVD intitulado “A Mulher Invisível”, com direção de Cláudio Torres, irmão da atriz Fernanda Torres, cuja participação no filme é secundária, mas, como sempre, hilária e excepcional. Ela é irmã de Vitória, personagem da atriz Maria Manoella, a qual nutre uma paixão platônica e frustrada por seu vizinho, depois de passar anos ouvindo através das paredes as suas aventuras e desventuras amorosas. O vizinho, Pedro, interpretado pelo ator Selton Mello, é um cara que não tem nenhum medo de amar, e por isso sofre demais quando sua mulher o abandona para ir morar com outro homem. Modo antagônico, Carlos, seu melhor amigo, interpretado por Vladimir Brichta, tem uma visão completamente diferente dos relacionamentos, deixando de lado qualquer possibilidade de envolvimento emocional, e seu modo de encará-los beira à frivolidade.

A história gira em torno de Pedro, que, após ter mergulhado por meses numa depressão profunda, recebe a visita de uma vizinha, Amanda, interpretada por Luana Piovani, que vem lhe pedir uma chícara de açúcar no meio da madrugada. Clichê perfeito! Ela, uma mulher perfeita, ideal, sob todos os aspectos, pois satisfaz todos os desejos e expectativas daquele homem desiludido, passa a fazer parte de sua vida como se tivesse vida própria, mas não é mais do que uma idealização, uma pessoa que só existe em sua cabeça, criada em resposta ao seu desespero emocional.

Já havia visto o filme no cinema, onde dei boas gargalhadas, afinal o filme é uma comédia romântica realmente muito divertida. Mas comecei a observar as características de todos os personagens, e percebi que é um pouco mais do que isso. Sem sombra de dúvida, a maioria deles apresenta um traço sentimental e pessoal em comum: solidão.

A solidão retratada no filme pode ser examinada sob diversos ângulos, enfoques de cenas da realidade de cada um de nós, que, de um jeito ou de outro, já foi sentida ou será, no decorrer de nossas vidas.

Solidão por estar sozinho, ensejando uma tristeza por não se sentir completo, numa absoluta privação de algo, sem nem saber ausência do quê! Uma quase falta de espírito, dor na pele, e ainda mais forte na alma, isolamento na cor da escuridão, isso é um tipo solidão. Essa era a de Selton Mello.

Tem aquela que forçamos, do tipo que fortalece, de uma forma que buscamos. É solidão por si só, uma entrega por amor, uma procura por mais força, um egoísmo, seja o que for. De qualquer forma ela é dor, que desgasta e corrói, e que frustra quando dói, na busca de resposta e da paz interior. Essa era a solidão da vizinha Vitória.

E tem também a que existe sem saber, uma fuga do destino, e que esquecemos de propósito, assim, de inopino, sem ao menos perceber. É um medo da realidade, que acontece diariamente, e que apavora com facilidade, na observação de outras vidas, simplesmente. Ela é de um tipo que se sente quando se olha para o futuro, um medo do que ainda não existe, do que está por vir, se porventura a vida se perder na espera. E essa era a do amigo Carlos.

Certamente existem outros tipos de solidão que são individuais na origem, mas comuns na essência. A solidão não é palpável, ela é inexplicável, pois como podemos senti-la mesmo quando não estamos sós, quando temos por perto, e por completo, as pessoas que amamos. E nesta perspectiva, há quem a prefira quando se está sozinho, como o poeta Mário Quintana que, em alguma parte da vida, passou a preferir a solidão sozinho à solidão a dois. Ou seja, independentemente do modo como se veja, a sua forma de solidão tem de ser encarada como um crescimento pessoal, e deve servir para reflexão e aprimoramento emocional, para que em algum momento possa cessar esse isolamento e a abstinência do prazer de sentir-se bem consigo mesmo. Não permita que ela tome conta por completo, e se transforme em depressão.

Minha visão sobre a solidão é simples. Todos nós sabemos que o ser humano nasce e morre só. Acontece que no caminho entre estas duas pontas, temos que aprender a conviver e fazer parte da vida de outras pessoas, que representam toda a diferença nesse processo. É a razão de seguir adiante, de começar de novo, de entender o porquê, já que às vezes só podemos contar com nós mesmos, e isso é inevitável. O fato é que sempre precisaremos de carinho, de atenção, de um ombro amigo, do contato físico, porque viver fica muito mais fácil, e é por isso mesmo que temos que entender e aprender a lidar o melhor possível com esse inexplicável e invisível sentimento chamado Solidão.

E este foi um dos momentos da minha vida em que tive que aprender com ela...

Silenciosamente hoje

Como posso explicar isso e, ao mesmo tempo, poder compreender e aceitar?

Simplesmente as coisas ficaram silenciosas, de repente, e comecei a entender que tudo pode mudar de uma hora para outra. Ela não está mais aqui, não divide mais seus problemas, e meus sonhos, agora, são apenas meus, e parecem não ter a mesma graça. A vida tem que seguir adiante, mas muitas vezes falar é fácil. Quando imaginava isso, ficava mais ainda. O difícil agora é justamente esse seguir adiante, esse avançar sem os planos feitos a dois, sem a parceria pra te dar aquela força, pra te ajudar a levantar, e, mais do que tudo, pra te fazer dormir um sono agradável, tranquilo e sereno. Confesso que sinto falta dos dias em que fomos confidentes, cumplicidade que vinha justamente do fato de sermos amigos de verdade. Lembro, com carinho, das noites em que fomos amantes, e dos dias em que continuávamos sendo. Recordo de um tempo que passou, mas que ficará marcado para sempre em mim, marcas indeléveis, dor física constante pela ausência, mas suportável, pois ao menos tive a sorte de viver momentos que me fazem sorrir e chorar, lembrar e jamais querer apagar, momentos da nossa história.

Pensava que tudo ia bem, que as coisas já estavam definidas, que nada poderia alterar as decisões que tomamos no passado, e que se sedimentavam no presente, mas não foi bem assim. Agora vejo que daqui pra frente, tudo vai ser diferente, como diz a canção, e acho que não estava preparado, mas quem está? Diante de tudo isso,erteza: enganei-messo, mas quem estndo estamos felizes, posso dizer que aconteceu comigo: enganei-me quando pensei que sabia todas as respostas, pois veio ela, a vida, e se encarregou de mudar as perguntas.

E o silêncio? Estou me acostumando com ele...

OUT/2005



terça-feira, 17 de novembro de 2009

GOSTAR OU NÃO GOSTAR, EIS A QUESTÃO!


Não é uma tragédia de Shakespeare, como "Hamlet", mas existem pessoas que tratam a questão da insatisfação pessoal em relação aos seus empregos como se fosse.
Sempre questionei minhas escolhas na vida, em especial no âmbito profissional. Neste particular, isso aconteceu há muito tempo atrás, quando estava decidindo o que queria fazer na vida, do que eu gostava, qual minha vocação, se é que eu tinha alguma.
Tenho a certeza de ter ouvido pessoas dizendo que todo mundo é vocacionado para alguma coisa, ou às vezes para várias, mas será que eu seria? Nunca me via decidido em relação a qualquer profissão, pois sempre tive a estranha sensação de que cansaria de qualquer emprego que não me trouxesse novos desafios, que não apresentasse, por vezes, alguma novidade, que caísse na rotina, e por isso é que talvez, ao longo da minha vida, em relação a outras coisas, acabei deixando de lado o que havia começado, sem que desse a elas um ponto final, uma conclusão satisfatória. E assim, sem saber o que realmente me faria feliz, decidi deixar a escolha ao destino, e acabei fazendo o curso de Direito, aos 16 anos. E pouco tempo depois já estava trabalhando em uma função pública, depois de ter passado num concurso aos 18 anos. Mas será que era isso que eu gostaria de fazer na vida?
Gostar! O que sempre gostei de fazer mesmo é viajar, ir à praia, correr, sair com amigos, tomar banho de piscina, de chuva, assistir a um bom filme, frequentar bons restaurantes, enfim, o que mais gosto de fazer até hoje sai de graça, ou às vezes ainda pago por isso.
Tenho que esclarecer que há um tempo atrás, minha frustração por não fazer profissionalmente algo que realmente eu gostasse - apesar de achar que poderia gostar de várias coisas, mas não saber exatamente qual me faria feliz - nunca foi segredo. E, mesmo parecendo um contrassenso, hoje não consigo esconder minha indignação ao ouvir as pessoas afirmando que são infelizes ou insatisfeitas por não fazerem o que gostam, mas que o fazem por uma questão de sobrevivência ou falta de oportunidade, o que acaba refletindo no modo como realizam o serviço, e, por conseqüência, gerando um resultado, no mínimo, insatisfatório. Fico inconformado com isso, porque, apesar de não contar com a sorte de trabalhar na profissão que sou vocacionado – confesso que tenho 37 anos e até agora não sei qual é – aprendi que gostar do que se faz é mais importante do que o inverso.
Fico imaginando se todos aqueles que combatem o crime, ganhando pouco e expondo à risco sua vida e a de sua família, como é o caso dos nossos policiais, gostam do que fazem; ainda, será que todos os médicos e enfermeiros nasceram com vocação para ficar dias e noites acordados, perder inúmeros finais de semana, feriados, tempo com amigos e familiares, sempre sob estresse e angústia constantes, “somente” para salvar vidas. E quem de nós já sonhou em acordar e abrir um sorriso porque ao final do dia sairia de casa para recolher a imensidão de lixo produzida em todos os cantos da cidade, e com orgulho dizer, eu sou lixeiro por vocação! Exatamente, estes são serviços tão imprescindíveis que nem paramos para pensar se as pessoas que os realizam estão fazendo o que realmente gostam. Então, a pergunta que fica: porque é tão importante fazer o que se gosta? Respondo: não é nem um pouco. Nem todo mundo tem a oportunidade e a sorte de encontrar uma profissão pela qual é apaixonado, que sempre sonhou. O que realmente importa é que possamos aprender a gostar do que fazemos, sermos os melhores nisso, porque sempre os que se destacam acabam sendo reconhecidos algum dia, e não seria de espantar se viessem a ser felizes, e fazendo exatamente o que sempre disseram que não gostam.
Como já li em um email, de autoria de Stephen Kanitz, um Administrador de Harvard, “se algo vale a pena ser feito na vida, vale a pena ser bem feito”. Hoje procuro fazer do meu trabalho o melhor, continuamente, chegando à beira da chatice, criticando as pessoas que me rodeiam para que prestem mais atenção aos detalhes, sejam mais caprichosas, e supervalorizando o aprimoramento contínuo, o que fez com que essas chatices do dia-a-dia tivessem um toque de perfeição e um gosto pessoal de satisfação.
Valorizar cada situação que pudesse desafiar a mim mesmo em busca de um resultado melhor, e a criação de um ambiente de trabalho agradável e amistoso faz com que eu consiga gostar das coisas chatas que tenho que fazer diariamente. Ao contrário, se detestasse meu trabalho e o fizesse sem vontade, tenho certeza que odiaria levantar da cama, odiaria chegar no trabalho, não aguentaria conviver com ninguém, nem comigo mesmo, porque nosso humor e qualidade de vida estão diretamente relacionados ao modo como encaramos as coisas que temos que fazer.
Assim, refletindo sobre tudo isso, só posso concluir que todos temos que procurar em nossa essência qualidades pessoais que possam auxiliar na otimização do trabalho que desenvolvemos, e que certamente possibilitarão nos diferenciar daqueles que não gostem do que fazem (e provavelmente o fazem mal feito). E quem sabe se um dia você for o melhor no que aprendeu a gostar de fazer, e for convidado exatamente por isso a fazer o que realmente goste, possa perceber que nem era tudo aquilo que pensava!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SAIA DO ANONIMATO


Ainda não consegui encontrar uma razão para explicar o rebuliço que uma minissaia ou microvestido, o que seja, causou no país recentemente. Geisy Villa Nova Arruda, 20 anos, uma estudante da Universidade Bandeirantes de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foi hostilizada veemente por seus colegas por “desfilar” pelos corredores da faculdade trajando um vestido muito curto. A estudante foi tão agredida verbalmente pelos demais estudantes, que teve de ser escoltada pela polícia para poder sair da sala de aula, inclusive ameaçada de estupro e outras aberrações, tendo que utilizar um jaleco emprestado por um dos professores, o que não obstaculizou os constantes xingamentos.
À evidência, vergonhosa a atitude dos alunos, e pior ainda a da Universidade que, após uma sindicância instaurada para apurar o acontecido naquele 22 de outubro, culminou por expulsar a estudante do seu corpo discente, e suspender alguns alunos que contribuíram para a algazarra. Em tempo, a direção daquela instituição de ensino voltou atrás, e tornou sem efeito a expulsão, o que gerou mais discussões sobre o fato.
Confesso que havia visto as imagens pela internet, e acreditei inicialmente que se tratava de uma montagem, uma farsa, mas que mesmo assim conseguiu provocar em mim uma indignação imediata, e cheguei a pensar em algo do gênero “brincadeira de mal gosto”. Infelizmente, alguns dias depois, vi que aquilo havia mesmo acontecido, e a notícia disseminou-se na imprensa do país, e, o que mais me impressionou, foi parar na mídia internacional.
A estudante virou celebridade, os alunos foram acusados de falsos moralistas e a diretoria da Universidade foi acusada de hipócrita. E o país parou por alguns dias e debruçou-se sobre um tema que não teria a menor repercussão em outros países, não mais do que uma reportagem de canto de página.
O Brasil é realmente um país engraçado. A educação pública prejudicada por falta de recursos financeiros, a falta de emprego para todos, os salários mínimos – mais mínimos do que qualquer minissaia ou vestido –, e a preocupação de todos agora é o tamanho de uma vestimenta e a sua adequação ao meio acadêmico. É óbvio que não estou desmerecendo a necessidade de se tomar providências para corrigir as injustiças porventura advindas de determinado preconceito ou conduta. O que questiono é apenas a dimensão que se deu ao assunto nesses últimos dias.
O debate abandonou a lógica e ultrapassou a evidente necessidade, chegando ao ponto que o povo brasileiro mais gosta: exposição pessoal na mídia. Não é de se duvidar que essa menina, a Geisy, venha a ser convidada a posar nua, já que se transformou numa celebridade da injustiça. Não é de se estranhar que fique famosa, mais do que já está, haja vista que não sai dos programas de auditório, e mais do que isso, da boca do povo. Não ficaria espantado nem ao menos se recebesse convites para fazer filmes. Só questiono se com todo o estudo acadêmico, ela viesse a alcançar algum emprego que pagasse tanto quanto ela poderá receber com toda essa fama!!!

domingo, 15 de novembro de 2009

UMA HOMENAGEM À MINHA AFILHADA... JÚLIA!!!


ADORÁVEL JULIA


Hoje nasceu um anjinho, como uma estrela que se apaga no céu e aparece aqui, bem do meu lado. O choro gritado, amado; à volta, um sorriso unido, incontido. É, a tua chegada é de estréia. A primeira neta, a primeira filha, a mais nova e melhor amiga, minha primeira afilhada. Sinto que amanhã, para mim, será um novo dia, um recomeço de amar, uma nova representação do amor, a observação efetiva do surgimento de uma vida nova, como uma flor que aparece sutilmente, iluminada, perfumada e delicada, num jardim que andava meio sem graça, e que por ser única, resplandece e cria a expectativa de ser do teu jeito, singularmente especial.
Assim é a pequena e adorável Julia, alguém que representa um novo início, meio e fim, um caminhar por vir constante, e que criou em mim, num único instante, uma nova forma de sorrir. Vi pessoas encantadas com teu jeito meigo, com teu olhar peculiarmente novo, ingenuamente curioso, afinal de contas tudo é novo, e esse começo do nada é tudo. Fico imaginando como será teu primeiro passo, qual será a palavra que pela primeira vez será compreendida, onde você estará daqui a dez anos, daqui a trinta e quatro, idade que tenho hoje, ou num futuro muito distante, que não alcance a minha existência. Espero que nada seja monocromático, e que tudo em tua vida seja repleto de momentos instantâneos, como uma fotografia que revela novas perspectivas cada vez que é observada, e, desta forma, pode-se dizer que viver, só se for intensamente. Acredito que tua vida será cheia de novidades, alegrias e desventuras – afinal, nem só de amenidades ela é feita –, e por isso só queria que soubesses que o amor faz parte dela desde o dia em que cada um de nós soube que virias ao mundo para completar a nossa existência.
O encantamento de encontrar a nossa continuidade foi evidente, nos olhares ansiosos na sala de espera do vovô Itamar, das vovós Vânia e Mariza, da vovó preta Ôda, da dinda e do dindo, na tranqüilidade do papai Guilherme te trazendo no colo, e na alegria traduzida em lágrimas da mamãe Marina, que, mesmo deitada, ao passar pelo corredor e enxergar todos ali, como deveria ser, só podia mesmo chorar. E sinto, com a certeza que jamais pensei ter, que te amo demais, e amarei mais ainda, desde hoje até sempre...

ONDE MENOS SE ESPERA!!!

A ideia de criar esse blog surgiu porque sempre quis deixar registrado meus pensamentos, a fim de que pudessem ser compartilhados. E foi lendo o blog de uma amiga que encontrei a inspiração para trazer algo que pudesse contribuir para a reflexão e, talvez, à diversão de outras pessoas, onde pretendo escrever sobre tudo que achar interessante. Se vai fazer alguma diferença na vida delas, isso não posso afirmar, mas tenho a certeza de que vai fazer uma diferença incrível na minha.
Pois bem. Dando início à este blog, gostaria de inaugurar com uma poesia que escrevi há algum tempo atrás, sobre algo que tanto se fala, tanto se busca, mas que não tem uma regra definida, uma vez que é representativo de um modo distinto para cada um.
Para mim, felicidade é assim...


RECEITA DE FELICIDADE

A felicidade que tanto procuramos

Não está dentro de um único amor

Ou mesmo nas pessoas que numa vida encontramos e amamos.

A felicidade que tanto completa

Não vem da simples natureza que nos abraça

Ou mesmo da vida que de sonhos é repleta.

A felicidade está aonde queremos encontrar

Estando ela no céu, na terra, no mar ou no ar

Ela está mesmo é em qualquer lugar.

E por isso é possível dizer

Que quando nos perguntamos: “Por que mudei?”

Não sabemos nem ao menos responder.

E, assim, sentimos um imenso vazio surgir

Pois como pode algo que está em qualquer lugar

De repente, simplesmente, aparecer... e depois sumir?

Só que um dia encontramos

A resposta que tanto procuramos

E apesar de descobrirmos que pode estar em qualquer lugar

Ela está mesmo em um dos lugares mais fáceis de achar.

A felicidade está em um lugar muito quente, onde não sabemos por quê, mas é bem onde se sente, completada por tudo aquilo vivido até o presente...

Bem, a felicidade está mesmo é aqui, aqui bem dentro da gente.