segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AS CARTOMANTES (Parte Final)


- Pare!!! Você está louca!

No mesmo instante, ela o olhou com raiva, e sem que pudesse defender-se, ele sentiu um violento tapa no rosto. Decidiu não revidar, apenas segurar as mãos de Ana.

Em questão de segundos, olhou para fora do automóvel, e viu algo que o deixou apavorado.

Um carro da polícia vinha em direção ao veículo em que eles estavam, e lá dentro ele mal conseguia manter imóveis as mãos daquela mulher raivosa. Se os policiais os vissem pelados, um sobre o outro, certamente levariam os dois presos. E pior: o que dizer para a sua esposa?

A jovem remexia-se em cima dele, e mostrava-se muito indignada e ofendida, dizia que ia gritar, e ele prometeu largá-la, se ela mantivesse a calma. Com a cabeça, a moça assentiu, e, mesmo nua, fez menção de sair do carro. Raul a conteve a tempo, e os policiais passaram, sem perceber o que acontecia no interior do veículo. Após a viatura dobrar a esquina, vestiram-se, e ele pediu desculpas. Precisava sair dali, e assim que colocou os pés para fora, ainda a ouviu perguntar se ele procuraria por ela. Raul foi embora envergonhado consigo mesmo, e sequer se dignou a responder, limitando-se a olhar nos olhos de Ana, balançando a cabeça para o lado, e sentindo-se a pior pessoa do mundo.

Ao chegar em casa, mal conseguiu encarar a esposa. Tomou um banho, disse que não estava se sentindo bem, e foi deitar. Na manhã seguinte, quando estava chegando ao escritório, recebeu uma ligação de um número desconhecido. Ficou em dúvida se deveria atender, mas acabou aceitando a chamada. Reconheceu, de imediato, a interlocutora:

- Raul, sou eu. Desculpa te ligar tão cedo, e também queria me desculpar por ontem. Não sei o que me deu. Bem, sabe o que é, eu estava indo pra aula, e bati com o carro. Não conseguia pensar em mais ninguém. Você podia vir me ajudar, sei lá, ficar comigo, registrar a ocorrência, essas coisas? Eu estou aqui na rua...

Ele nem quis ouvir. Desligou o telefone imediatamente. Já tinha definido: ela era completamente louca! Mal o conhecia, sabia que ele era casado, e mesmo assim queria que ele resolvesse seus problemas pessoais? Maluca total!!!

As ligações continuaram, no trabalho, em casa, sem que ele as atendesse, até que cessaram depois de alguns dias. E os meses passaram...

Raul e Ana iniciaram uma terapia, mas a relação dos dois estava cada vez pior. Ela andava muito distante, parecia que o evitava. Não sabia dizer bem o que era, mas ele também havia perdido o interesse na mulher, achava tudo sem graça ao lado dela. Eram desconhecidos morando sob o mesmo teto.

Próximo ao final do ano, durante uma conversa trivial no trabalho, enquanto tomavam um café, Beto lembrou de um assunto que estava há dias para falar com o amigo. Disse que tinha a indicação de uma cartomante, amiga de sua mãe. Dona Missi, como era conhecida, era uma senhora que tinha um dom muito especial. Além de ler as cartas, ela pressentia coisas. Reconheceu que não acreditava em nada disso, mas que cedera à insistência da mãe e concordou em conhecê-la. Ficou de queixo caído com as previsões dela, dizendo que algumas até haviam se realizado.

Desta vez, Raul não se mostrou interessado, considerando o que havia acontecido meses atrás, mas, diante da empolgação do amigo, que sempre se mostrara tão cético, decidiu marcar uma hora, até porque o local era próximo ao seu trabalho, e ficou realmente curioso. Dois dias depois estava sentado em frente à vidente. Dona Missi não deveria ter mais do que 60 anos, muito magra, os cabelos desalinhados numa combinação de cores branco-amarelados, e a pele enrugadíssima, características que conferiam àquela senhora uma feição muito envelhecida e sombria. Fumava de um jeito incessante, praticamente acendendo um cigarro no outro. O ambiente fedia, pois além do odor do tabaco, o lugar abrigava alguns cachorros na sala ao lado. O calor e o mau cheiro do local traduziam uma sensação extremamente desagradável.

Entretanto, não tinha como negar que aquela cartomante apresentava todo o ar de mistério que não havia visto em Leonora, mas isso não foi motivo para deixá-lo satisfeito. Ao contrário, fazia com que se sentisse desconfortável. Durante o atendimento, ora ela olhava para as cartas, ora fixava-se num vazio, como se estivesse vendo alguém, e, de um jeito intrigante, emendava uma frase na outra. Mais de uma vez, Dona Missi mencionou uma mulher que convivia muito com ele. Dizia que ela fazia parte do seu cotidiano, e que era uma pessoa fútil e egoísta, e que, mesmo sendo casada, possuía um amante. "Um não, dois!", tratou de corrigir-se. E não parava de repetir isso.

Raul tentava não pensar em Ana, e, de repente, a vidente fez uma pausa. Passados alguns segundos, perguntou se sua relação andava bem, porque as cartas diziam o contrário. Raul apenas limitou-se a negar, e ela, de pronto, afirmou que o fim do relacionamento dele estava próximo.

O silêncio tomou conta do ambiente. Ela pediu para ele cortar o baralho mais uma vez, e já sentia o suor escorrendo pelo rosto. Estava começando a pensar que deveria pôr um fim naquilo. O ar que respirava, morno, já começava a deixá-lo tonto. Não via a hora de sair dali, parar de ouvir tantas informações que o entristeciam, e tentava, em vão, olhar nos olhos da senhora. Ela parecia estar em transe. E continou, dizendo:

- Meu jovem, as cartas não mentem. As pessoas, sim! Mas você é uma alma forte, e vai saber superar. Ainda mais porque vejo uma mulher se aproximando de sua vida. Ela fará toda a diferença. Ela é muito bonita, não é muito alta, morena, tem uma filha...

Foi quando ele interrompeu a consulta, e disse que precisava ir embora. Inventou que tinha uma reunião, e que havia esquecido. Ela o olhou fixamente, e pela primeira vez pôde perceber que os olhos eram claros, mas cada um possuía uma coloração diferente. Ela assentiu, informando o preço da consulta, e ele pagou. Antes de sair, ela o segurou pelo braço, e disse que se ele tivesse interesse, talvez pudesse ajudá-lo a encontrar essa tal mulher. Ele achou melhor concordar, e Dona Missi concluiu:

-Eu vou lhe enviar uma mensagem com um número de telefone.

Ao sair, sentiu um alívio imenso. Precisava ir embora, respirar o ar puro, e parar de sentir aquele cheiro que o deixava cada vez mais agoniado.

Ao chegar no trabalho, Beto estava num canto, calado. Ele perguntou o que tinha acontecido, até que o amigo se abriu com ele. Disse que estava tendo um caso com Nara, sua colega de escritório.

- Mas ela é casada? - replicou Raul.

- Pois é, e eu era o amante - disse ele, indignado. - Pelo menos eu pensava que era. Agora descobri que não sou o único. Sei que parece ridículo, mas eu achava que significava alguma coisa pra ela.

- Mas, como... - e lembrou-se do que a cartomante havia lhe dito minutos atrás, referindo-se a alguém que ele convivia, e que tinha vários amantes. Bobagem, pensou, mas não pôde negar que a ideia lhe trazia uma sensação de alívio, considerando que até já começava a ter uma leve desconfiança de Ana.

Conversaram mais um pouco e acalmou o amigo, que parecia desolado. O dia transcorreu normal, e, ao final do expediente, Raul recebeu, por celular, uma mensagem da cartomante, com um nome e um número de telefone. Ficou curioso, e resolveu ligar. Como quase todos os colegas já haviam ido embora, dirigiu-se até uma pequena sala, nos fundos do escritório, para ter mais privacidade. Ligou, aguardou um pouco, e alguém atendeu:

- Carol? - disse ele, adiantando-se.

- Sim? - respondeu ela, com uma voz delicada.

- Oi, meu nome é Raul. A Dona Missi me deu o teu número.

- Ah... oi... É, ela me falou de você - respondeu, parecendo indiferente.

- Pois é, na realidade, não sei bem por quê!

- Sei lá, acho que pra gente se conhecer.

Ele começou a ficar excitado com a ideia. Talvez conhecer outra mulher pudesse ajudá-lo a se sentir mais empolgado, feliz, vivo! E aquela conversa realmente o transtornava. E continuou:

- Sim, acho que é isso. A gente podia sair pra tomar um chopp, e se conhecer. O que você acha, Carol? Aliás, seu nome é lindo.

- Obrigada! Bem, eu topo. Mas olha só, já vou deixando claro que não sou mulher de uma noite só. Sou uma pessoa séria. Tenho uma filha para criar, e a pessoa com quem eu me relacionar tem que entender que minha filha é mais importante, precisa de um pai, e não só de um cara que está saindo com a mãe dela.

Desligou o telefone na hora. Não era isso que tinha em mente. E, afinal de contas, sua esposa não merecia isso. Sempre foi uma companheira muito leal e dedicada. Virou-se, e foi quando percebeu aquele vulto próximo à porta. Sua mulher, Ana, chorava, e pôde ver em seu rosto o olhar de decepção. Ela não disse nada, tirou a aliança, deixou sobre uma mesa, e pediu, aos prantos, que ele não voltasse para casa aquela noite. E finalizou:

- Acabou, Raul!

Ele tentou ir atrás, segurou-a pelos braços, ela gritava com ele. O amigo Beto interveio, segurou Raul, e ela foi embora, desesperada.

Depois de alguns instantes, Raul acalmou-se, olhou para o amigo e disse, num tom lamurioso, mas decidido:

- Beto, por favor, nunca mais me fale em cartomantes.

FIM

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SONHOS INTERROMPIDOS

Ontem foi um dia muito triste para muita gente. Faleceu Israel, um cara que sequer cheguei a conhecer, mas que era parte importante da vida de pessoas que amo. Morreu assim, de repente, talvez sem dor, mas que deixou uma outra, de saudade, em todas as vidas que tocou. De um jeito estranho, acordei muito triste, porque ele era mais do que uma pessoa boa, como já ouvi repetidas vezes. Ele era o amor de uma mãe, que sonhava em vê-lo feliz, e que vi chorando, sem entender por que as coisas funcionam assim, tentando achar alguma explicação no olhar dos outros filhos, que não sabiam o que dizer, porque não havia o que ser dito. Amor de uma mulher que sonhava e fazia planos de casar daqui a pouco, quem sabe até ter filhos com ele. Não era pra ser! Não agora, quem sabe mais adiante. Morreu um amigo de muitos, que vi em fotos com um sorriso não só de amigo, amor de irmão.

Sabe, a vida é realmente muito curta. A gente olha pra ela com os olhos fechados, faz planos, sonha com o futuro, do jeito que a gente quer que seja. Abre os olhos, e segue adiante. Muitos, não saem do lugar, ainda não entenderam que a direção é pra frente. Dos que saem, normalmente utilizam esses sonhos como um rascunho do caminho, uma direção indicando para onde ir. Só isso! Porque o resto... bem, o resto é uma grande surpresa.

Não tenho muito a dizer numa hora em que a única coisa que se consegue fazer é chorar. Aí, é preciso o silêncio, a reflexão, a oração, que considero de extrema importância, para quem foi, e, talvez, até mais para quem fica. Não há o que explicar, não importam os porquês, não existe um remédio pra passar a dor da saudade, além do tempo. Não nesse momento. Mas tenho a certeza de que tudo acontece por um motivo, e quem somos nós para não acreditar em uma razão justa, em uma explicação de que aquele amigo veio para fazer tudo que fez, e ir embora quando a missão foi cumprida.

Sonhos interrompidos pela ausência física... sim! Mas é inegável que uma existência marcada pela saudade, que traduz um amor insubstituível naqueles que continuam aqui, só quer dizer uma coisa: ele fez tudo que deveria ter feito. E o fez muito bem!

Como disse, ontem foi um dia muito triste para muita gente. Hoje ainda é. Mas a vida continua, e tudo é muito rápido. Daqui a pouco, quando menos esperarmos, nos encontraremos, e quem sabe um dia eu também possa te conhecer e te chamar de irmão.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

MEU LUGAR OCULTO

"La Piel Que Habito", título original do novo filme de Pedro Almodóvar, é daquelas películas que impressionam não só pelo choque de surrealismo e alguns toques de humor negro, mas pela pecularidade de uma história original, e questionamentos dramáticos bem distantes do lugar comum.
Para quem não gosta do cineasta, e não pretende ver o filme, vou fazer uma pequena sinopse, para entenderem do que vou falar. Mas não se preocupem aqueles que vão assisti-lo, pois não contarei nada que possa comprometer qualquer expectativa, até porque, em minha humilde opinião, a obra de Pedro Almodóvar tem características tão individuais, que a surpresa, a sensualidade e, até mesmo, o choque são personagens a parte.
A história narra o cotidiano de um famoso cirurgião e cientista, interpretado por Antônio Banderas, que faz experiências para criar uma pele humana diferente, mais resistente e imune a queimaduras. Por questões éticas, os colegas de profissão posicionam-se contra as experiências em humanos, sem saberem que ele já obteve êxito na descoberta ao utilizar como cobaia, durante alguns anos, a linda Vera, que vive como prisioneira dentro da mansão do médico, sendo vigiada constantemente. Tudo vai se desenrolando sem muita empolgação, até que os motivos da prisão domiciliar, os traumas decorrentes pela morte da mulher e da filha do cientista, e todos os dramas vividos pelos personagens impulsionam o espectador para dentro da trama.
Poderia discutir inúmeras questões levantadas no filme, como por exemplo a falibilidade humana traduzida pela vingança, ou desdobramentos multifacetados da violência sexual, e a dualidade entre amor e ódio. Mas não vou fazer isso, até porque teria que contar o filme, o que, como disse, perderia toda a graça! A minha pretensão com esse texto é abordar, de forma sucinta, uma única questão que se mostra tão singela, e que quase passa despercebida.
A personagem Vera, interpretada pela linda atriz Elena Anaya, sofre um drama de identidade que a direciona para uma sexualidade que não lhe pertence, na medida em que, à toda evidência (e é preciso assistir ao filme para entender essa obviedade), não faz parte de sua essência. Todavia, o que causa estranheza é a calma com que lida com a situação, haja vista que nada justificaria a punição a que esteve sujeita durante anos, e que deixou "marcas" definitivas em seu corpo. Mas, considerando a conclusão a que chegarei, ninguém é responsável pelos atos dos outros. E, em certa parte do filme, ela está assistindo a um programa de televisão, em que uma praticante de Ioga destaca a importância de encontrarmos dentro de nós mesmos um lugar onde ninguém pode alcançar, intocável, e no qual podemos nos refugiar para mantermos nossa verdadeira essência. Acredito que nesse ponto é que reside a explicação para a aparente tranquilidade da personagem.
A Ioga é um método eficaz para isso. A simples meditação, de qualquer forma, e bem conduzida, também auxiliaria nesse contexto. O fato é que não há dúvidas da existência desse lugar, o qual, de uma forma abstrata, protege-nos de qualquer coisa, por vezes, até de nós mesmos. Tenho a certeza de que, para encontrá-lo, há um verdadeiro labirinto, do qual somos os únicos que conhecemos o caminho. É nesse lugar que repousa a paz de espírito, resultado da tolerância e humildade a que somos testados todos os dias.
No filme, até certa parte, convenci-me de que ela havia encontrado essa paz interior, essa liberdade de espírito, esse lugar no qual ninguém poderia alcançá-la, e onde estaria protegida de qualquer mal. Entretanto, ela o fez para sobreviver, na constante agonia que tinha de tirar a própria vida. E só isso! Não me parece tenha compreendido todo o contexto, apesar da dramaticidade da história.
Para mim, a lição de se ter essa paz interior remete a conclusão diversa: podem aprisionar nossa liberdade, afligir o nosso corpo, mas, quando repousamos à noite, temos que ter a consciência limpa para que possamos divagar com pensamentos leves e bons, que não nos persigam diariamente. Não é fácil, tenho consciência disso, mas tudo acontece por uma razão. Disso eu tenho certeza! Não é conformismo, até porque são nossos atos que remetem a isso. Mas fazer o bem, para si e para os outros, melhorar constantemente, enfim, buscar a razão de existir, e aprender com isso, são situações que deveriam acompanhar a vida de todos.
Dessa forma, qualquer ato que traia esse ideal, que macule nossa consciência, que não implique serenidade, acarretará uma tortura natural e constante, em nossos pensamentos e em nosso cotidiano, impondo a escravização do nosso espírito. E, lembre-se: ele só pode ser aprisionado por uma única pessoa... por você mesmo, independente do corpo que habite!

sábado, 8 de outubro de 2011

SEGREDOS DO CORAÇÃO

Quando a gente ama muito alguém, não enxerga a situação por inteiro, não observa todos os detalhes, aquelas perspectivas ocultas de uma relação que parece ser única, para toda uma vida! Fazemos planos, inventamos um olhar, que apenas nós entendemos, escolhemos nomes, acreditamos em nossos sonhos, como se eles estivessem ali, bem ao alcance das mãos. E tudo parece inacreditavelmente perfeito, pronto para acontecer. Mas, às vezes, não acontece!
Podemos dizer que nesse momento surge uma pergunta que parece não querer sair da cabeça: Por quê? Porque algo que era tão lindo, forte, e, praticamente, certo, apenas acaba, e não diz aonde foi! A resposta é simples: ainda não estávamos preparados. Por isso, a vida se encarrega de separar o que já teve o seu tempo, sem dar explicação nem nada. Apenas isso, um pra cá e o outro pra lá. Parece o fim de uma brincadeira infantil, em que o melhor de tudo era sorrir ao lado dele (ou dela). Era como encontrar o seu amor escondido em algum canto de si mesmo, e emprestar-lhe uma força que até você desconhecia que tinha. E terminar dizendo: te encontrei! É emprestar os seus brinquedos (amigos, família, lembranças) sem sentir-se egoísta, porque você quer tanto que aquela pessoa esteja ao seu lado, que lhe conheça por inteiro. E tanto faz se quebrar, ou deixar pra devolver outro dia, contanto que esteja sempre por perto para brincar.
Tomar a decisão de pôr um ponto final numa relação com alguém que você ainda ama, posso afirmar, está no topo da minha lista das piores coisas da vida. Só perde para um grave problema de saúde. E digo isso porque a dor que fica é algo inexplicável, é um vazio que surge como o silêncio, que insiste em te incomodar sem dizer nada. Você liga a televisão, pega o telefone, procura um amigo, você resolve colocar em dia aquela leitura atrasada. Desiste! Não há o que possa te ajudar na hora em que aquela tristeza aparece, de repente, sem pedir licença, sem te explicar nada.
E aí só resta deixar o tempo passar, acreditar que tudo que aconteceu tem um motivo, que não era pra ser, que a vida sabe o que faz, que vocês não foram feitos um para o outro; desculpas você encontra, o difícil é acreditar nelas, por mais que se comece a perceber as pequenas diferenças que incomodavam tanto ontem, hoje você até sente falta delas.
O difícil é perceber que o amor não basta. E o engraçado é isso, justamente o que se considera mais importante, não é o que garante o sucesso de uma relação. Como eu gostaria de dizer que existe uma fórmula secreta para isso, os meus problemas estariam resolvidos. Os seus também! Mas não há. Conforme-se!!! O fato é que cada um tem a sua receita. E com base nela é que vamos acrescentando os ingredientes para dar mais sabor à vida, elementos tão particulares e, por vezes, complexos, que somente o destino poderá explicar o que há por trás desse mistério.
E se existe um plano para esses encontros e desencontros, tenha sempre em mente o seguinte: respeite quem você ama, acima de tudo, e tenha a paciência necessária para que a vida se encarregue de te ensinar o que é preciso! Aproveite cada minuto ao lado de quem você ama, para que não haja arrependimentos e lamentações.
A você, que me ensinou tanto, e que sempre me fez tão bem, saiba que sou uma pessoa melhor e mais feliz por ter tido a oportunidade de brincar ao teu lado. Obrigado!

PS. E um Feliz Dia das Crianças para todos nós, para que nunca deixemos de acreditar em nossos sonhos...

domingo, 2 de outubro de 2011

O PASTEL

Tinha saído cedo de casa e, apressada, não havia tomado o café, porque o médico tinho lhe pedido para ser uma das primeiras a chegar, que talvez conseguisse encaixá-la em algum horário. De fato, foi atendida, mas apenas no final daquela manhã, em que tudo conspirava para testar sua paciência. Ligou para o chefe e explicou o atraso, e afirmou que estava saindo do consultório e, dali a meia-hora, estaria chegando ao trabalho. Atrasada, decidiu comer qualquer coisa pelo caminho, algo rápido e que pudesse aliviar a fome, que começava a incomodar o estômago. Também pudera, a última refeição havia sido aquele sanduíche no final do dia anterior.
No caminho para o escritório, pensou na pastelaria da esquina, que servia um pastel de carne com azeitonas que era uma maravilha. E um refrigerante bem gelado! De imediato, sentiu a água acumular em sua boca. Podia também passar na loja de empadas ao lado, e comprar aquela de camarão, que fazia um sucesso nos arredores.
Pastéis, sanduíches, empadas, refrigerantes... quanta porcaria estava ingerindo ultimamente, e pensou em sua genética que lhe favorecia, porque qualquer uma, com a vida sedentária que levava, e considerando o que andava comendo, estaria enorme de gorda. Ela não, apesar de não ser tão alta, era muito elegante, magra, e agora, com aquele novo corte de cabelo, andava sentindo-se bonita e um pouco mais empolgada. Um pouco só, pensou, e lembrou-se como andava desanimada de uns tempos para cá. Nada que umas férias não melhorassem o ânimo, aquela energia que sempre teve, mas que havia desaparecido nos últimos meses de trabalho.
Estava há duas quadras da pastelaria quando recebeu um panfleto de um homem, bem apessoado e sorridente, que lhe falou de um produto que prometia milagres. Olhou para aquele pedaço de papel, e já ia jogá-lo no chão, quando decidiu dar uma olhada rápida, parecendo interessada, talvez para agradar aquele senhor que distribuía aquela propaganda de uma forma tão simpática e gentil. E uma frase escrita no papel a fez parar: "Aumente sua disposição e vigor pela vida com uma alimentação mais saudável!".
Sem que precisasse falar qualquer coisa, aquele homem começou a falar sem parar sobre o produto que prometia, além de mais energia, um meio de alimentação completo e rápido, e que a ajudaria, inclusive, a emagrecer ou a engordar um pouco mais, dependendo do que ela pretendesse.
Ele continuou explicando como funcionava, e apontou a porta de um prédio, numa rua próxima e completamente deserta. Lá, disse ele, eram servidos sucos, chás e shakes à base de um produto que ela já ouvira falar, e que, segundo ele, possuía tudo o que era necessário para saciá-la de uma forma sadia e correta, substituindo uma refeição. Perguntou se ela queria lhe acompanhar, que seria rápido, e uma experiência que ela não se arrependeria. E ela o seguiu, um pouco desconfiada, e pensando: "o que estou fazendo?" Mas continuou caminhando.
Quando o homem abriu a porta, e ela entrou, ouvindo, de imediato, às suas costas, a porta fechando, foi o momento em que se sentiu arrependida. A sala era pequena, com algumas prateleiras, e uns potes que faziam referência ao produto anunciado. Não era muito iluminada, e ele pediu que a acompanhasse através de outra porta mais ao fundo. Ela já não sabia mais se deveria ir, porque talvez passar daquela porta significasse não ter mais como pedir socorro, uma vez que ninguém sabia onde ela estava. E se ele fosse um louco, e se quisesse machucá-la, e se tudo não passasse de uma fachada para roubar os seus órgãos, como havia lido em um email tempos atrás. Mas ficou constrangida pelos seus pensamentos, e o homem, percebendo sua insegurança, disse que lá atrás, sua mulher era quem preparava os produtos.
Ela ficou mais tranquila, porque ouviu vozes, e decidiu acompanhá-lo mais um pouco.
Ao chegar lá, a porta novamente fechou-se atrás dela, e pode observar umas três pessoas sentadas, um tanto quanto caladas, tomando líquidos em copos e chícaras. O cheiro do local lembrava a casa da avó, talvez pela umidade e o frescor dos chás que emanavam no ambiente.
Ela sentou-se, e uma mulher que se apresentou como "a esposa" perguntou o seu nome, e, depois de uma rápida conversa, pediu que ela aguardasse, e seguiu para uma área da sala separada por uma cortina, que percebeu ser a cozinha do local.
Minutos depois, ela estava tomando um chá amargo, e sentiu que todos a olhavam. E o homem não saía do seu lado. O medo novamente se apossou dela. Por que ele não parava de encará-la. E se aquelas pessoas estivessem ali participando de tudo com o casal? E se ela fosse a vítima perfeita? E se tivessem colocado algo em seu chá para que ela desmaiasse? Eram tantos "e se" que ela tomou o chá tão rápido que queimou a língua. Decidiu ir embora, mas a mulher já vinha com um copo cheio de um líquido branco, o que fez com que ela voltasse a sentar. O gosto também não era bom.
E o desespero só aumentava. Ela começou a sentir um calor no corpo, aquilo não estava certo, e uma espécie de pavor tomou conta dela, e sem pensar em nada largou o copo e levantou-se muito rápido. Sentiu tudo girar, um calafrio no corpo inteiro, pensamentos de horror, e tudo ficou escuro.
Acordou num quarto pouco iluminado, sozinha e desnorteada, e lembrou-se de tudo que havia acontecido. Quanto tempo teria ficado desacordada? O que estava acontecendo? Seus medos começavam a fazer sentido.
Procurou pela bolsa e visualizou-a sobre uma cadeira. Imediatamente, levantou-se e apanhou-a com rapidez, procurando o aparelho celular. Precisava avisar alguém, dizer onde estava, se é que ainda estava no mesmo lugar de antes. O celular havia sumido.
- Claro, como sou burra, estava tudo armado. O que vou fazer agora?
Nesse exato momento, alguém aproximou-se da porta do quarto. Ao abri-la, aquela mulher que havia lhe servido o chá apareceu, sorridente, perguntando se ela estava bem.
- O que aconteceu? Onde estou? - falou, afobada.
- Você desmaiou. Acho que estava muito tempo sem comer, pelo que havia me dito. E ficou fraca. - E o meu celular?
- Pois é, quando estávamos te trazendo para cá, ele tocou e tomei a liberdade de atender, e era seu namorado, mostrando preocupação.
- Eu preciso ligar para ele. Onde está o celular, por favor! - falou apressada.
E da porta, uma voz masculina anunciou:
- Não precisa, amor, estou aqui.
Uma sensação de alívio invadiu todo o seu corpo, e ela o abraçou energicamente.
A mulher acompanhou o casal até a porta de saída, e o namorado indagou:
- Que loucura foi essa? O que te deu pra vir aqui?
- Vou te contar tudo... mas primeiro, por favor, vamos até a esquina. Preciso comer um pastel!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ELLA

Há anos meus amigos enchem o saco para que eu procure a porra de um terapeuta. Desde que minha mulher morreu num acidente de carro, pra ser mais específico. Dizem que sou muito impaciente com o sexo oposto. E tímido. Ridículo! O que sou é seletivo, por isso nunca encontrei uma mulher até agora que valesse a pena. É verdade que sempre achei essa história de terapia coisa de maluco, ou talvez seja pura e simples ignorância minha, mas como dizem por aí, se de gênio e louco todo mundo tem um pouco, resolvi experimentar. Na realidade, nunca procurei ajuda porque não via problema algum em tachar a maioria das mulheres como vagabundas. Quase todas que conheci são mesmo. À exceção das minhas falecidas mãe e esposa, é claro! Umas santas! Que Deus as tenha.
O fato é que me rendi às constantes pressões e, no auge dos meus 45 anos, finalmente comecei a fazer análise. Aliás, acabo de chegar do consultório da Dra. Ella Ribeiro, psicóloga, 35 anos, amiga de uma amiga, a Elvira. Essa sim, a pior de todas! Nunca teve um namorado. Jamais teve um, porque eram sempre dois ou três ao mesmo tempo. E, para o meu azar, resolveu não dar justo pra mim, dizendo que eu era muito especial, que não queria estragar nossa amizade. Viu, como eu disse, va-ga-bun-da!
Logo que cheguei, fiquei aguardando na recepção do consultório, lendo uma revista, dessas de fofoca do mundo artístico. Mais uma vez fiquei convencido de que o mundo só tem mulher que não presta. A Fulana que se separou do Ciclano e está namorando o melhor amigo dele, que já foi visto circulando num restaurante famoso com uma menina 30 anos mais jovem. Putaria total esse mundo da televisão.
A porta abriu e surgiu uma mulher de óculos, alta, pele clara e corpo de modelo. Um espetáculo! Olhos azuis, eu acho. Um cóqui alinhando perfeitamente aqueles cabelos loiros que deixavam à mostra um pescoço fino, realçado por dois brincos de argola dourada. O sorriso acompanhado das palavras “Muito prazer, entre!!!” fez com que a revista escapasse das minhas mãos e caísse no chão. E pensei: “Que idiota eu sou”.
- O prazer é meu – respondi meio sem jeito.
Sentamos, cada qual em sua poltrona, e ela começou perguntando algumas coisas que respondi sem pensar. Nome, idade, estado civil, essas besteiras. Não conseguia tirar os olhos dos pés dela. Sou viciado em pés, e os dela eram perfeitos. Mas acho que ela notou meu fetiche, porque interrompeu o questionário no meio, cruzou as pernas, e perguntou:
- Sr. Rafael, o que o traz aqui?
- Hããã... – resmunguei, desconcertado.
- Gostaria de saber o motivo do senhor ter me procurado.
- Ah, sim. Bem, eu nem sei direito. Muitos amigos insistiram, disseram que seria bom. Enfim, estou aqui, eu acho, porque eles acham que eu preciso.
- Mas por que eles acham isso?
- Eles dizem que tenho dificuldade de me relacionar com as mulheres depois que fiquei viúvo. Digamos assim, que não consigo me aproximar delas. Pura bobagem.
- Entendi. O senhor é tímido?
- Não, seletivo – retruquei rapidamente.
- Pois bem. Há quanto tempo o senhor ficou viúvo? E o silêncio irrompeu o ambiente durante uns 30 segundos.
- Doutora, eu posso pedir dois favores? Meu nome é Rafael. Não precisa me chamar de senhor. E gostaria de deixar minha falecida mulher fora dessa conversa. Posso lhe garantir que ela não tem nada a ver com nenhum problema meu. Está tudo superado.
- E por que o Sr...., desculpa, por que você acha isso?
- Bem, digamos que antes dela morrer já tínhamos decidido nos separar. Na verdade, ela decidiu por nós. Dizia que éramos muito diferentes, que não deveríamos ter casado, e que o divórcio era inevitável. Eu não entendi nada, mas aceitei. Uma semana depois que ela saiu de casa, numa madrugada, recebi uma ligação comunicando o acidente. Fiquei muito triste, mas, fazer o quê? Ela já tinha tomado a decisão de não me ver mais. Eu sofri muito, mas não tinha mais nada a ver com ela.
Os minutos passaram, e a cada palavra Ella parecia ficar mais interessada na história, enternecida, e quanto mais eu dizia que não queria falar no casamento, mais ela utilizava subterfúgios para me fazer tocar no assunto. E sorria. Um sorriso meigo e cativante. Mexeu no cabelo, e o cóqui se desfez sem querer, caindo sobre os ombros, e ela ficou mais sexy do que nunca. Eu nem ligava em estar falando sobre o período em que fui casado, estava encantado com aqueles olhos, com aquele sorriso que me provocava. Lá pelas tantas eu pedi um copo de água, só para ver ela de pé. Foi quando tive a certeza de que estava definitivamente apaixonado. Ela levantou – parecia que estava se movendo em câmera lenta –, largou o bloco em que fazia as anotações por sobre a poltrona, e ao andar até a mesa onde estava a jarra de água, pude perceber que a cintura era minúscula, contrastando com aquela bunda maiúscula. Todo o meu corpo enrijeceu. Todo! E sentia um calor infernal a cada vez que ela cruzava as pernas.
Durante a sessão, diversas vezes fiquei extasiado enquanto ela falava, vendo aqueles lábios emoldurando o seu sorriso perfeito. Não uma, mas várias vezes me pegava olhando para ela e imaginava situações em que estávamos juntos, em que éramos um casal. Um casal muito feliz! No final da consulta, agradeci, disse que tinha sido um prazer conhecê-la, e insisti que pretendia fazer umas duas ou três sessões por semana, não obstante a argumentação dela de que não eram necessários tantos encontros.
Na saída, fiquei aguardando o táxi na recepção do prédio, e notei um jovem impaciente ao telefone, falando com a namorada.
- Hoje eu não posso, amor, eu já disse. Tenho fute na facul. E amanhã estou indo pra praia com a galera. A gente vai surfar todo o final de semana... Tá bom, te ligo à noite... Também te amo, gata! E desligou. Olhou para mim, e sorriu. Um rapaz bonito, não fossem as espinhas no rosto, marcas recentes da puberdade. Um sinal sonoro indicava a chegada do elevador. As portas abriram-se, e com passos firmes naquela saia justa a linda Dra. Ella vem na minha direção, sorrindo, o mesmo sorriso de minutos atrás. Passou por mim como se eu fosse invisível, e deu um beijo na boca daquela criança ao meu lado.
Não tenho dúvidas: são todas vagabundas!!!!

segunda-feira, 21 de março de 2011

ENCERRANDO CICLOS

Meus amigos, li recentemente um texto publicado em um blog, de autoria desconhecida. Notei também que já havia sido reproduzido em vários outros blogs. Como se encaixa perfeitamente ao momento que estou passando, e como faz meses que não escrevo nada, achei que nada melhor do que um incentivo para voltar a fazê-lo. Acontece que, como é de autoria desconhecida, permito-me fazer algumas alterações para ficar mais com a minha cara. Mas já adianto que a ideia essencial não é minha, apenas me ajudou a aceitar o que não posso mudar. Pode ser útil pra você também!

Quer saber! Sempre é preciso descobrir quando uma etapa chega ao final. E mais. Aceitar que isso aconteceu. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas. E, podem ter certeza, precisamos vivê-las.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram, independente de você querer ou não que tivessem continuado. O que, de fato, me parece essencial é ter forças para fazer um novo presente. E encontrar um novo futuro.
Entenda: Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação na qual você tinha certeza que era o amor da sua vida? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão cuidadosamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu; pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
O importante é ter a perfeita noção desta perspectiva: ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará mais: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor a fazer é deixar que elas realmente possam ir embora. É doloroso, eu sei, mas tem que ser feito. Uma hora para de doer, e você se sentirá muito melhor. Por isso é tão importante destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Não será fácil, mas será melhor pra você mesmo.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração… e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que desvendem seu gênio, que entendam seu imenso amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Pare de sentir pena de si próprio. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida, mesmo que você se sinta magoado ou triste pelo fim. A decisão já foi tomada. As coisas já estão diferentes. Quer você queira, quer não. Assim, feche a porta, mude o disco, limpe a casa. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Verá que a alegria estará lá, de um jeito novo... do seu jeito.
Enfim, sacuda a poeira, esqueça quem você era, e passe a ser quem é agora.