sábado, 25 de fevereiro de 2012

AS CARTOMANTES (Parte 2)

Foram almoçar num restaurante próximo ao escritório, e quando estavam pagando a conta, o celular de Raul tocou:

- Alô, Raul?

- Sim, quem fala?

- É a Ana, a gente se conheceu na cartomante.

Sentiu um calor subindo até o rosto, e o coração pulsava sem parar. E disse:

- Como você... – engoliu a saliva, e prosseguiu: - Como você conseguiu meu telefone?

- Ai, desculpa... primeiro, queria dizer que a Leonora não tem culpa de nada. Depois da minha consulta, fiquei insistindo, e fui tão chata com ela, que acabou concordando em dar o número do teu telefone para mim. Olha, ela disse que ia ligar para te avisar, mas eu não aguentei, e acabei ligando antes. Desculpa mesmo. Mas, por favor, deixa eu explicar: é que depois que te vi, confesso que não conseguia parar de pensar na nossa conversa, em ti, enfim, quase nem prestei atenção na consulta, até a hora em que ouvi a Leonora dizer que eu havia conhecido recentemente um homem que mudaria minha vida. Sei lá, fiquei desnorteada, perguntei se poderia ser você, e ela disse que não sabia. Bem, o fato é que senti que queria te conhecer melhor, queria te ver de novo e... ai, desculpa, não consigo parar de falar, não é?

Raul, ainda atônito, e sem saber o que dizer, limitou-se a balbuciar alguma coisa ininteligível, e ela continuou:

- Bem, não sou acostumada a fazer isso, mas eu queria saber se a gente podia sair para conversar um pouco. O que você acha?

Sem pensar direito, concordou com o convite, esquecendo-se completamente de sua Ana. E ela acrescentou:

- Que tal hoje? Pode ser hoje à noite?

- Hoje? Não sei, é complicado, eu...

E ficou mudo, sem saber o que dizer. Ela completou:

- Já entendi. Você é casado!?

Um silêncio constrangedor se fez presente durante a ligação, até que Raul decidiu responder, num tom lamurioso:

- Sim, eu sou!

- Então, desculpa. Não vou te incomodar.

- Não, espera! Acho que a gente precisa mesmo conversar. Tenho algumas coisas pra te dizer, e gostaria de ouvir outras de ti. Vamos fazer o seguinte, eu saio do meu trabalho no final do dia, e a gente combina de se encontrar em algum lugar. Só não vou poder te convidar pra jantar. Espero que você entenda.

Ela pensou um pouco, e acabou concordando. Marcaram em um bar longe de sua casa, e próximo da academia dela. Raul viu que Beto o observava, mas decidiu não falar nada para o amigo. Não queria ouvir as suas indagações irônicas, e, quando ele perguntou quem era, limitou-se a responder:

- Ninguém importante. Apenas um cliente.

Ao sair do trabalho, ficou excitado com a expectativa do encontro secreto, e decidiu comprar preservativos; sentia que deveria estar preparado pra tudo. E divertiu-se com seus pensamentos. Lembrava que não os usava há alguns anos, e sentiu-se envergonhado quando saiu da farmácia com o pacote nas mãos, abrindo-o, e colocando uma das camisinhas em sua carteira.

Quando chegou ao encontro e a viu, percebeu que ela ainda trajava a roupa de academia que o havia enlouquecido naquela manhã. Como era linda! Raul notou que era mais alta do que pensava, quase tanto quanto ele. Falaram sobre o que Leonora havia mencionado em cada uma das consultas, da coincidência de seu encontro, e do quanto se impressionaram um com o outro. O tempo passou, e quando, finalmente, ele resolveu ir embora, ela insistiu para que ficasse mais um pouco. Eram quase nove horas da noite, e lembrou ter dito à esposa que iria passar na casa de um amigo antes de voltar para casa. Decidiu ficar alguns minutos a mais, mas teve medo de encontrar algum conhecido, até que Ana sugeriu fossem para o carro dela, o qual possuía uma película escura nos vidros, impedindo que as pessoas que passassem pudessem vê-los lá dentro.

Pagaram a conta e dirigiram-se para o automóvel. Logo que as portas se fecharam os dois abraçaram-se e beijaram-se de uma forma passional, irresistível, um beijo longo, molhado e cheio de desejo. Ele sentia um cheiro doce de canela que vinha da boca daquela menina que mal conhecia, e lembrou-se que há muito tempo não sentia algo igual por sua Ana. Tentou desvencilhar-se dela, mas não conseguia. Em realidade, não queria. Precisava daquele beijo... precisava de mais. Desceu a mão direita até a altura da cintura da jovem, e sentiu a firmeza de sua barriga, a curva de sua cintura. Sabia que estava a um passo de ultrapassar o limite do que entendia ser possível controlar, quando, sem pensar, enfiou sua mão no meio das pernas de Ana, que, energicamente, parou de beijá-lo, e o repeliu. Quando olhou para ela, apesar da penumbra, pôde perceber a vermelhidão em seu rosto, a respiração ofegante, e o desejo que emanava dela.

Sem perceberem, já estavam novamente abraçados, beijando-se de uma forma explosiva, só que dessa vez foi ela quem tomou a iniciativa, e começou a alisar o corpo de Raul. Apertava os braços dele, sentindo seus músculos, e deslizando as mãos para as suas costas. Foi quando percebeu que ela autorizara qualquer investida dele. Olhou para fora, e não viu ninguém. Em poucos minutos estavam sem as roupas. Ela subiu sobre ele, que tentava se desvencilhar para procurar um preservativo naquela escuridão, tateando a sua volta à procura da carteira; no entanto, já sentia que a penetrava. Ela o agarrava com força, arranhava suas costas, e dizia que ele seria o homem de sua vida, que estava apaixonada, e, mesmo não o conhecendo direito, já o amava. E sussurrou: - "Ai Raul, eu quero ter um filho com você...".

Ao ouvir isso, ele a afastou, completamente apavorado. E pensou: “Que doente! Um filho?!”. O que estava fazendo? Não, não queria que fosse assim. E ela parecia cada vez mais descontrolada, voltando a escalar seu corpo, envolvendo-o com as pernas que o apertavam pelas costas naquele lugar minúsculo. Mal conseguia se mover. Então, não vendo outra alternativa senão afastá-la, empurrou-a violentamente, e gritou com ela:

- Pare!!! Você está louca!

No mesmo instante, ela o olhou com raiva, e sem que pudesse defender-se, sentiu um violento tapa no rosto. Decidiu não revidar, apenas segurar as mãos de Ana.

Em questão de segundos, olhou para fora do automóvel, e viu algo que o deixou apavorado.

CONTINUA...

Um comentário:

  1. Tá se saindo um ótimo romancista heimm!!!! Texto muito bom e envolvente... mas olha só, não demora muito a escrever os próximos capítulos!!!! rs

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