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Existe uma razão para tudo na vida. Inclusive para o fato de eu estar na frente do computador hoje, postando essa crônica que você está lendo.
Tudo começou com um sonho que tive. O sonho da minha morte, do fim dos meus planos, da minha vida, mas um recomeço para outras pessoas, o início de uma vida da qual não participaria mais. O que aconteceria a partir de agora provavelmente não faria a menor diferença para mim, afinal de contas eu não estaria mais aqui mesmo.
Acontece que no meu funeral as pessoas lamentavam com pesar a minha ausência infinita, a falta que faria. Dentre os amigos e familiares que falavam sobre minha vida, surgiram lembranças de momentos que passamos juntos, evidências aparentes de que nossa vida sempre encosta na dos outros, e deixa marcas indeléveis, mesmo que não se perceba. Mas até quando?
Por coincidência do destino, li em uma crônica da Martha Medeiros, alguns dias depois, que a nossa existência não finda com a morte física, circunstância inevitável na vida de todos. Não, definitivamente não! A nossa morte de fato acontece, sim, com a morte da última pessoa que lembrar e falar de nós, que tiver a sua vida tocada, de um jeito ou de outro, por alguma coisa que fizemos ou dissemos. É inegável, portanto, que nossos atos representam o marco inicial para que possamos viver mais, viver eternamente, se assim fosse possível.
Não lembro qual foi a época em que ouvi aquela expressão de que uma pessoa só deve morrer depois que houver tido um filho, escrito um livro e plantado uma árvore. Nunca fez muito sentido para mim, até o dia em que li aquela crônica.
Ninguém quer ser esquecido! Eu, pelo menos, garanto que gostaria de partir deixando um legado, uma história que valesse a pena ser contada, momentos que tivessem um valor inestimável para serem lembrados. Sinto falta daqueles amigos que já foram, uns mais cedo do que outros, mas o que realmente importa é que lembro e falo deles até hoje, mantenho a salvo a sua memória dentro da minha.
Assim, tudo isso pode ser visto da seguinte forma: ter um filho provavelmente não seja uma opção para todos. Talvez nem um desejo. Mas com certeza é uma rara oportunidade de legar às futuras gerações um pedacinho de nós. Plantar uma árvore com certeza reflete um auxílio real e concreto para que nossa prole cresça melhor, e possa ter uma vida que de fato mereça esse nome. Agora, escrever um livro – e nesse sentido nenhuma restrição ao seu instrumento, pois vale tudo, desde que fique registrado em algum lugar o que pensamos, criamos, refletimos e amamos – identifica nossas ideias aos nossos desejos e ideais, representa o que somos, escritores, poetas, filósofos ou artistas, seres que pensam e sentem, e são capazes de tudo, inclusive de evitar serem esquecidos, e de permitir viver além da própria existência.
Essa é a origem desse blog. Essa é a origem do livro que comecei a escrever.
Obrigado, Martha Medeiros!!!